sábado, 28 de novembro de 2009

E agora, cansaço?


Era um dia quente e Caco estava... Um caco.
Olheiras que chegavam ao queixo, pés que doíam até o joelho.
"Quem mandou sair tanto?", dizia sua mãe.
Ih... mas ele tava nem aí.
Acordou cedo para o exercício dos sábados. Comeu bem, cochilou bem... Porém era cocebo.
Sentiu falta de e procurou de. Cadê?
Um tédio repugnante percorreu-lhe a espinha e nem um Alpino resolveria o caso.
Leu folhas e não resistiu. Procurou pessoas e não achou.
Caco queria se livrar de tudo. Menos de.
De estava longe. Não dava sinais de vida e nem de falta.
Caco tomou coca, mesmo sem poder. Caco devorou carboidratos, mesmo sem poder.
Caco resolver fugir, mesmo sem poder.

sábado, 10 de outubro de 2009

Perdido

Carla só queria se sentir.
Amanheceu tranquila, se exercitou e comeu. Não havia coisa melhor a fazer.
Tirou o dia para ela, mais ninguém. Não haveria motivo para mudar o humor.
Deitou e ganhou óculos chique. Se enrolou nas cobertas e quis estar Muito Bem Acompanhada (ele está lindo nesse filme).
Sentia saudade, vazio.
Decidiu andar sobre duas rodas. Que sensação! Não lembrava mais como era.
Andou com dois pés. Encontrou pessoas queridas e claro, comeu.
Carla estava bem. Estava.
Eis que surge do nada aquilo. Como?
Sentia vazio. Acompanhada.
Deitou e ganhou uma noite solitária. Se enrolou nas cobertas e quis estar Muito Bem.
Tirou a noite para ela, mais ninguém. O humor não existia mais.
Comeu muito, ficou sedentária por uma madrugada e dormiu mal. Não haveria outra coisa a fazer.
Só sentir Carla queria, e sentiu: solidão.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Eis aqui

Brinque mais. Divida seus pertences para isso. Ande de bicicleta. Abandone a TV (só volte para ver Caverna do Dragão). Saia na rua. Vá para a praça de patins com a(o) sua(seu) melhor amiga(o). Caia de vez em quando. Machuque e tenha a marca disso para resto da sua vida. Tenha seu primeiro amor (escondido). Tenha o segundo, o terceiro, o quarto... amor, mas jamais esqueça do primeiro. Faça coisas bregas como uma carta gigante, cheio de TE AMO para sua amiga. Ria. Vá a festas da sua turma da 4ª série e não se esqueça do inimigo oculto. Estude em dois turnos e reclame do sono. Desafie os professores mais chatos tirando as melhores notas. Saia a noite. Dê o seu primeiro beijo e ache horrível. Goste de verdade de uma pessoa desprovida de beleza, porque ao passar o tempo você vai perceber que o que realmente importa é o que há por dentro. Se desaponte com o sexo oposto e chore. Vale a pena o crescimento. Pratique handball. Aprenda Física de uma vez por todas antes que você enlouqueça tentando fazer isso mais tarde (boa sorte com o professor!). Viaje para aquele local que todos vão e encontre seus amigos. Vá para algum lugar que tenha uma língua diferente da sua e se divirta como uma criança. Tire fotos. Compre presentes para os outros. Faça algo proibido (mas nem tanto). Valorize seus pais e avós. Não brigue com seus irmãos. Nem se for por causa de homem/mulher. Não vale a pena. Compre um cachorro bem grande e cuide dele. Se forme no colégio. Faça cursinho e conheça pessoas incríveis. Passe na faculdade e no curso que quiser afinal, ninguém pode mudar ou influenciar isso. Conheça pessoas do mundo inteiro. Namore e que o sentimento seja recíproco. SURPREENDA e seja surpreendida(o). Assita o filme "Antes que termine o dia". Ouça "Smile" do Nat King Cole e emocione-se. Complique menos e AME MAIS.

Sobra muita falta

Ah! Que problema de falta.
Atormenta meus últimos dias e deixa meus olhos cansados.
olhar perdido e postura errada.
Tudo pela falta.
Se é pedir muito, então não há por que funcionar (Deus me livre!). Entretanto, não pedir consome o humor. O bom seria não ter que pedir... Só sentir.
Cadê aquele tremor de antes? A reciprocidade?
Pode ser influência da Lua ou dos próprios métodos mas, no momento, um vazio preenche o espaço.
Lágrimas poderiam limpar os olhos e a alma.
Será pedir demais?
Será ter de menos?
Quiçá um dia serei surpreendida.
Quiçá.



segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Brasil, um país de tolos

Todo dia levantava às cinco da manhã para preparar os presentes. Nunca dava para fazer isso no dia anterior, seria perigoso demais... Poderiam desconfiar.
Botava tudo numa sacola de papai noel atrasado, vestia a roupa rasgada, o tênis de anos e saía com sua carroça.
Dez para as sete lá estava ele, anunciando a entrega. Corria gente de tudo quanto era canto daquele promíscuo lugar.
- Calma, calma. Tem pra todo mundo! Mais rápido, ninguém pode ver.
Carnes, frutas, leite, arroz, casacos e cobertores eram os principais componentes do Natal fora de época.
Olhos cheios de lágrimas agradeciam do fundo do coração.
Sentia-se honrado. Apesar de todo o esforço, adorava ver um sorriso no rosto da criança que acabara de ganhar um carrinho "novo".
Era tudo em segredo. Todos os bairros o guardavam. Até que um dia alguém, não se sabe quem e nunca saberá, denunciou.
Os fardados chegaram na hora exata da entrega. Foi uma correria! Apenas restavam pedaços de comida e ele, no chão.
Foi levado e preso por furto.
- Tudo que fiz foi para ajudar! Deixe eu me explicar.
Entretanto não queriam saber. Era apenas mais um pobre roubando e, por incrível que pareça, para ajudar os outros.
Quatro anos de cadeia por um furto de bem, sem direito a nada.
Entre celas sujas, riscos e tatuagens tinha o pensamento: "Pátria que me pariu!"

sábado, 22 de agosto de 2009

Esfera ovalada


O ovo não é só o ovo.
É uma massa uniforme que constitui a galinha... Ou a galinha que constitui o ovo?
O ovo tem casca branca. Será que é porque a tinta de outras cores acabou no dia de sua criação?
Só nós vemos o ovo, ou o ovo nos vê?
O ovo é o pinto, é a galinha, é o branco.

"O ovo terá sido talvez um triângulo que tanto rolou no espaço que foi se ovalando?"
Vai saber Clarice... Saberá.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Mulher, hoje o dia tá brabo

Acorda às cinco arruma o café chama os filhos não vou chamar de novo o ônibus já vem prepara o pão chama os filhos de novo estão atrasados! abre a porta dá tchau para os meninos engole o pão mastiga o café dá bom dia ao marido entrega a pasta marido sai arruma a mesa arruma a cama toma banho veste qualquer roupa pensa no almoço varre a casa meias no chão já falei pro marido não quero mais isso dez horas telefone filho mais novo se machucou fecha a casa entra no carro correndo colégio meu filho, o que você fez? hospital lágrimas pontos na testa volta pra casa fica deitado que o médico mandou meio dia almoço não está pronto corre com tudo dá o almoço pro filho mais novo o outro chega discute não vai poder sair hoje! barulhos de socos na escada porta batendo não sabe o que fazer com ele sobe atrás entra no quarto senta na cama.
Pára...
Respira.
Banho roupa de ginástica filho mais velho cuida do seu irmão academia suor volta pra casa 17 horas prepara o café pensa no jantar filhos brigam separa marido chega dá boa noite um beijo apenas escuta as reclamações calada ele não sabe o que eu passo aqui conta do filho mais novo ele está bem filho mais velho pede pro pai e sai fica brava discute com o marido faz a janta de qualquer jeito bota o pijama de qualquer jeito deita na cama de qualquer jeito marido vem e quer carinho não consegue dor de cabeça vira para o outro lado.
Pára...
Respira.
Acorda às dez com os filhos gritando por causa do atraso não tem café não tem almoço não tem pasta pronta pra trabalhar levanta devagar toma banho com cheiros do campo resolve sair deixa os filhos com o marido que está desesperado entra no carro visita amigas dirige sem preocupações e caminha em uma estrada sem fim celular toca marido não atende toca toca toca atende mulher desculpe por ontem sou um babaca volta pra casa.
Pára...
Respira.
E volta.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

O diálogo de Adão e Eva

"Poderia escrever páginas sobre sentimentos, entretanto quero que eles sejam descobertos aleatóriamente.
Quais são todos já sabem. Onde estão também.
Resta-lhe apenas a certeza de que és a causa deles.
Com amor, Bacina"

"Para a pessoa que a cada dia torna-se mais especial.
Sinto meu coração bater mais forte ao te ver. Sabes o que é? Ajude-me a desvendar este mistério para poder fazê-la mais feliz, ao meu lado.
Beijos, Vorcit"

Será que é amor? Não sei.
Será que é paixão? Talvez.
Só sei que é bom demais.






Charme do ésse puxado

Liberdade. Esta é a palavra que resume o pleno momento.
Liberdade de escolhas, de pensamentos e sentimentos que ocupa um (pequeno) espaço entre os dois, já que não querem se soltar.
O coração bate mais forte e ele diz isso a ela. Já sabem a explicação.
Ela se alegra com apenas um sorriso. Sem palavras, só a contração dos músculos faciais já a deixa feliz.
Juntos se fundem. Desde quando isso acontece, não sei.
Todos dizem que são uma graça. E eles próprios se acham uma graça.
Se divertem. Cócegas. Para!
Desse jeito, nunca havia acontecido com ela. Já com ele não sei dizer e prefiro não saber. Pode pilhar.
Distância atrapalha e atiça a saudade. Ela fica vazia, entediada. Ele só joga.
Querem o encontro. Próximo está.
Nervosismo.
Vontade de chegar logo para sentir aquele cheiro, só dele.








sexta-feira, 31 de julho de 2009

Descobri que gosto de soja

A menina encantada imagina como será a vida sem ela.
Não sem totalmente, pensa, mas sem no dia-a-dia.
Estranha.

Chega do local onde, supostamente aprende novas e se diverte, sobe correndo as colinas universitárias, cumprimenta a rainha Filó, joga os trapos no banco da sala-quarto real, caminha em direção ao minúsculo cômodo e... Cadê?
Acorda na manhã seguinte. Não tem nada o que comer (da sua parte). Olha o armazém vegetariano e não vê os demasiados pedaços da torta preferida de ratos.
Pensa.
Decide jantar. Soja seria uma boa opção, mas... Cadê a distribuidora e seu infinito estoque que inundava a pacata geladeira?
Quer revisar o conteúdo. Quer ensinar sobre rins de equinos.
Pronuncia: "Você sabia que um rim do cavalo..." Não termina a frase.
Acha diferente, pois agora há apenas uma flor a ouvindo.
Cadê aquela que bate o pézinho, a mão e aponta o dedo, balançando, com o corpo inclinado para a frente, quando está nervosa?
Cadê aquela que me acorda apresentando a preciosa, Frida?
Onde encontra-se aquela que me chama pelo apelido favorito e incentiva na escrita? Aquela que quando está cansada pede aperto? Aquela que dança? Aquela que escreve contos? Aquela que dá bolsa quente?

Vazio.
Quem mandou ser tão inteligente, Marina?


terça-feira, 28 de julho de 2009

Ócio

Sem idéias a menina corre. Busca o encontro.
Marca o dia, a hora e lá está.
Abraços, beijos e saudade. Passa.
Sem idéias a menina sente. O cheiro do corpo, o cheiro da blusa.
Acaricia, se enrola no peito e dorme.
Não quer ir embora.
Sem idéias a menina sai. Caminha por locais (des)conhecidos e inova.
Curte o momento ao seu lado.
Tenta agradar.
Sem idéias a menina deita. Cobertores material e humano a aquecem.
Que aroma! Que sensação.
Nunca sentira-se assim.
Sem idéias a menina agrada. Sem idéias a menina briga para ficar. Sem idéias a menina aproveita o último minuto.
E sem idéias a menina escreve aqui.


terça-feira, 14 de julho de 2009

19 prima(veras)

O dia em que um choro de criança apareceu pelo hospital está chegando.
Também o dia em que esta criança ficou em uma sala só com meninos.
Será que era pra ter nascido um?
Voz rouca já tem, jeito estranho já tem... Isso não importa.
Menina. Sim. Adora verde!
Pergunto-me, solitária: Por que primaveras se nasceu no inverno?
Friaca que corta... Nada de primavera, só primaluiza, que é do outono.

Nesta estação nascem muitas flores, como dizia a tia do colégio.
Então será que cada parte do corpo da menina é uma flor? Cabeça, apêndices torácicos, apêndices pélvicos, tronco, cílios?
Não, pois ela nasceu no inverno!
Ah... Então não são 19 primaveras... e sim 19 invernos!
Será que ela se constitui em neve?
Creio que não. Se fosse assim, como existiria algo no peito dela quente, que bate acelerado e saudoso?

Sim... Nada de primaveras. 19 seriam muitas.
Dependendo da personalidade, acho que não aguentaria nenhuma!
Sou muito seletiva.

Não entenda

FRIO.
Cobertor. Meias. Calça de moletom. Chocolate quente. Abraço apertado.
Cadê?
CALOR.
Shorts. Blusa de alça. Cabelo preso. Picolé. Represa.
Cadê?



sábado, 11 de julho de 2009

Retep

Um brilhante mente está em curto circuito.
- Será que roubaram meus poderes memorísticos? Foram os bixos... É, bixos muito artistas.
E bixos com xis.
Acende o cigarro, mexe nos cachos, colocando-os para trás.
Vou fazer um filme! - diz.
Vários relatos, sem início nem fim. Vou fazer um filme... Ia fazer um filme. Cadê a primeira parte?
Adoro contos, recomendei alguns pra ela. Leia também. É uma doidera.
A história é assim: ... Ah! Não lembro.
Que momento.
Vou lá pegar a discografia inteira. Entra. Janela.
- O que vim fazer aqui mesmo?
Que turbulência.
Te dou uma tarefa: escrever sobre os encantos de uma cidade cujo rio quase realiza uma órbita completa.
Tarefa aceita. Vou falar sobre uma secretária e seu modo de vida diante este incrível cidade.
Dois minutos.
- O que estava falando mesmo?

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Dúvida

Que vontade de quebrar.
Triturar todos esses infortúnios de uma vida qualquer.

Do nada surgem, do nada irritam, do nada desesperam.
Tudo tão bem... Fica tudo tão escuro que a lua iluminada, na noite (pouco) estrelada, já não faz tanta diferença.
Quero girar formando uma órbita perfeita, riscando o chão com giz branco.
Sapatear, fazendo o máximo de barulho para aparecer.
Andar em um fio minúsculo cujas dimensões são exatamente os meus pés.
Esquecer tudo que fica fixo na cabeça apenas me jogando em um rio.
Gritar (fora do travesseiro) para poder extravasar este sentimento de... Que vontade de quebrar.
Soltar tudo levemente como vários balões unidos em apenas um nó.
Ter a liberdade de velhos costumes e alegria de novos.
Morder tudo o que convém e o que instiga.
Dormir, sonhar e acreditar.
Pular do mais alto penhasco e berrar com todas as forças de minhas pobres cordas vocais para tirar o... O... Que vontade de quebrar!

sábado, 4 de julho de 2009

Ataque de ruminamismo

Piano e bigorna.
Malas cheias e âncora.
Elefante e baleia.
Madeira e uma pilha de livros.
Pressão é eliminada.
Comer muito de olho grande gera isso.
Nem são mais borboletas do estômago. São alfinetadas que puxam para baixo, baixo...

Queria eu poder comer toda hora, conter quatro compartimentos (yeah!). Maceração, maceração, maceração.



domingo, 21 de junho de 2009

Margaridas

Tic, tac. Tic, tac.
Olha o relógio de pulso. Olha pra frente.
Tic, tac. Tic, tac.
Olha para o senhor dormindo ao lado, para a enfermeira passando com as gases.
Tic, tac. Tic, tac.
Levanta. Anda de um lado para o outro.
Tic, tac. Tic, tac. E? Nada.
"Não aguento mais", pensa o homem.
Corre até a recepção. Eu preciso saber o que está acontecendo! diz. Calma, o médico já vem - responde. Passos no corredor. Esperança e... Não é.
Suor frio, coração acelerado e tortura. Senta. Espera.
Passos. É ele.
Doutor, como ela está? - pergunta
Fizemos tudo que podemos,mas ......................................
Cara de dor e de sofrimento. Lágrimas, soluços e gritos. Ajoelha-se e... Tudo para.
Imagem congelada.
Ela não entende porque anda e os outros não.
Passa pela família aos prantos, tentar falar: Gente, estou aqui! Mas ninguém se move. Ninguém a vê.
Ela olha para o corpo e vê que está com uma roupa de hospital e não mais com seu vestido colorido.
"Por que ninguém fala comigo nem me olha?" pensa a pequena garotinha de cabelos loiros e cacheados.
Consegue com muito esforço de seus 6 anos ler, vagarosamente, uma placa escrito: Capela
Uma luz ela vê no caminho desta sala. Não sabe o que é, mas sente que é o caminho a ser seguido.
Sente uma paz em seu interior, entretanto não quer partir e deixar seus familiares daquele jeito. Não quer ser a causa de uma dor eterna.
Tudo vai dar certo - uma voz amigável diz - Venha comigo.
Ela vai, com suas margaridas amarelas e bochechas gordas.
Sentirei saudade de vocês - diz.
Ninguém a escuta, mas todos recebem esta mensagem... Em seus corações.

Sinto sua falta, Marcellinha... Há 13 anos e pra sempre.





sábado, 20 de junho de 2009

Enfim, felicidade

Aconteceu. Rápido até.
Julieta amou tudo isso.
Poderia sair a hora que quisesse, entretanto cadê a vontade de deixar?
Antes eram apenas sorrisinhos, simpatia e risadas. Hoje há algo dela, só dela.
Aperto no peito, ela não pára de sentir.
Vontade de cuidar.
E ela pode... A hora que quiser.

Hoje

O céu amanheceu colorido.
Múltiplos ventos leves e inspiradores passam pelos ares que caminho.
Meus olhos brilham. Meu peito pula, estremece.

A tarde vêm com seu frio anunciando o inverno.
Ocupo a mente com letras, imagens e animações.
Quando menos espero... aah! A noite!
Olho pra lua e aquela mancha de antigamente vira um coelho.
Já ouvistes falar sobre este fenômeno?
Ocorre algumas vezes em nossas vidas. Na minha aconteceu.
Quando eu menos esperava, da forma que eu menos imaginava.
Plenitude.

Há apenas um apelo:
Seu Coelho, não vá embora tão cedo!






domingo, 14 de junho de 2009

Quem sabe um dia

10:30 da manhã e em um banco, com uma almofada velha que só serve para dar certo conforto inexistente, estou sentada.
Entram pés enfaixados, lágrimas nas maçãs do rosto e tranças.
Chame meu nome moça, não posso demorar!
Neste momento, uma atendente discute com um senhor de idade. De idade!
Senhor, já falei que essa letra não é minha! Nada posso fazer para ajudá-lo (em alto tom).
Uma pressão sobe à minha cabeça. Não suporto má educação.
Que não atenda, apenas o ignore como os outrem da sala foram. Melhor do que maltratar. Quem descuida de velhinho deveria ser preso. E com razão.
Olho para um lado e chego à conclusão que de nada adianta reclamar.
Este é o jeito púbico de se tratar as pessoas. Estranho, penso.
Meu nome é chamado. Dois doutores por sala, quatro pessoas.
Privacidade não há.
O que tenho eu? Nada, quero apenas um exame. Sente dor? Não.
Pronto, taí o pedido. E quanto a você que invadiu a sala, se não quer tomar o remédio, problema é seu. Se quiser me processar, quero ver ter moral porra!
Susto.
É a vida neste país chamado Brasil, com seus hospitais públicos cada dia mais precários de atenção e, principalmente, de esperança.



Nostalgia

Hoje estou com saudade. De tudo.
Já aconteceu com você?
Penso em algo e digo: ai que saudade!
Posso procurar livros, fotos e músicas. Todas me darão este sentimento agudo.
Posso procurar pessoas, casos e pinturas e ela continuará lá: quieta, crescente e confiante.
Ocupo um espaço, esvazio outro e...Saudade!
Do que você tem?

sábado, 13 de junho de 2009

Inutilia truncat


Chegarei em casa aos prantos.
Jogarei copos nas paredes assim como nas novelas.
Abraçarei a primeira almofada na mais completa solidão.
Dormirei. Sonharei com algo colori
do e de bom tom.
Ao abrir os olhos, verei que nada disso vale a pena.
Pra que se preocupar? Pra que ocupar o atrasado tempo de anos com situações mesquinhas e fúteis?
Deixar a criancice de lado, focalizar no vazio, visualiza
ndo o cheio.
Jogarei tudo para o alto.
Ao des
pertar, sairei de casa aos risos.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Desventuras em série

Primeiramente era o medo de dormir que a aflingia. Vai passar do ponto. Vou perder a hora. É perigoso.
Confiança...Com o tempo ela pegou.
Sempre ocorria a expectativa de: Quem estará na poltrona ao lado? E a decepção em ver que era alguém. Um simples alguém. Nada a mais.
Até que um dia, na poltrona 11 estava ela... a Cazuza! Jamais dormiram. Conversaram e uma ouvia atentamente a outra (e o resto dos passageiros também). Vergonha!
Próximo domingo, às 20:25, lá estava ela. Sozinha na poltrona 12. Expectativa e decepção. Monótono.
Chega sexta, perdeu o maldito. Sem problemas, ela adorava aquela cidade com seus cachorros nas ruas movimentadas...E como (!)
Trocou palavras com um desconhecido, mas não estava sozinha...Cazuza breteira a acompanhava. Que destino! Era da mesma cidade que a dela!
Aleluia! Ele chegou. Viajar em pé é bom né? Principalmente quando se possui uma dor que te puxa por dentro. Hum, adorava.
Passa serra, passa Piraí e... Um lugar.
Vozes estranhas e monas próximas. Dizem que vão trabalhar a noite. Quem era ela pra contrariar? Só sabia sorrir.
"Me ajuda a pegar minha mala?" - a estranha voz rouca, máscula no corpo de mulher modificada, pedia. Por que não? (Gargalhar internamente).
Mesmo dia, outra semana.
Desejo de pastel. Vai, não vai. Vai, não vai. Foi. De queijo, carne ou pizza!
"Campo Grande - Barra Mansa saindo!" Olhos esbugalhados. Risada alta.
Poltrona 11 fala minha gente! E diz: "Quem precisa de diversão se tem vocês por perto?"
Fofo... Estranho.

Eita lugarzinho para ocorrer alguns fatos curiosos, Viação Cidade do Aço!



sábado, 6 de junho de 2009

Flor(i)cultura

Vamos abrir um negócio. Sim! Muito lucro nos dará.
Dinheiro? Não nos importa. A riqueza de lá constitui no cheiro do belo misturado a intelectualidade das linhas.
Se muitos gostarão? Não podemos dizer, entretanto, jasmin não faltará!
Eu com as flores, ela com os livros. (Não, ela não faz letras).
Sementes brotando de um lado, estantes lotadas de outro e no canto da salinha colorida, um cafezinho da Dona Nina. Caju com açúcar pra menina!
Ah! Bons fluidos surgirão.
Venham conhecer nossa flor(i)cultura. Endereço?
Rua dos bobos, número zero.

Ladainha

- É isso então?
- O que você queria que eu fizesse? Arrastasse ela pra longe de mim na frente de todos?
- Claro! Quem ela pensa que é?
- Você sabe muito bem que não pode cobrar assim... Afinal, ela é a minha .............!
- ...................................?
- Meu amor, ....................................! Mas ela ............................................
- Então resolva-se! ...............................!
- ........................? .................................................................!
- .....................................? .................................? ..........?
- .............................! Eu te amo, mas não posso! .................................. e você é a que eu tenho um caso mais ............................
- .....................................?
- ................................... amor!
- ...................................! ...................................................! Vá embora!
- Maria!

Tudo igual.

domingo, 31 de maio de 2009

Hiato

Chego a casa com uma idéia fixa na cabeça: encontrá-los.
Passei a semana inteira pensando: quando estiver em Volta Redonda, os verei, eles invadirão a minha mente e lá estará ele, pronto. Sem muito esforço.
Pois bem, cheguei, não os vi e cá estou, pensando com meus botões:
- O que faço sem vocês, desaparecidas frases de um texto que ainda não fora escrito?
Sinto sua falta, Inspiração.


Creio eu que lá estará :
http://isadevirgulas.blogspot.com/
ou não?


sábado, 23 de maio de 2009

Atta bisphaerica

Sua vida sempre fora assim.
Acordar cedo para buscar alimento. Todo dia.
Nada de novo, sempre a mesma rotina. Não podia se relacionar com outros, muito menos com ela. A mais cobiçada da casa que desfilava dando ordens e escolhendo seus maridos.
Cada passo que ela dava, ele suspirava. Às vezes até atrapalhava a fila, parando para observá-la.
Este sentimento o consumia, pois jamais poderia relacionar-se com ela, afinal a "grandiosa" era a rainha e ele, um simples operário.
Sua função era apenas servi-la. Buscar comida e corteja-la, fazendo o máximo possível para se destacar dentre as demais. Esforço em vão. Era visto como um mero trabalhador.
Os anos passaram, o operário envelheceu e partiu para um formigueiro melhor, onde não existiam preconceitos, tornando assim o amor entre a rainha e o plebeu livre.


Velho reclamão

Amidalite. Antibiótico. Infecção urinária. Antibiótico. Sinusite. Antibiótico. Faringite. Antibiótico. Impetigo. Antibiótico. Coqueluche. Antibiótico. Conjutivite. Antibiótico.
Bactérias, bactérias, bactérias.
Dor no ombro. Dorflex. Dor na coxa. Dorflex. Dor no pescoço. Dorflex. Dor de siso. Dorflex. Dor nas costas. Dorflex. Dor de cabeça. Dorflex.
Hipocondria? Não. Existe apenas a vontade de eliminar esses incômodos.
Caso não haja outro modo, o que fazer?
Tomar remédio!




sábado, 16 de maio de 2009

Os fantásticos poderes de Filó, Karol e Isa

Imagino como é a vida da Luly e de outras milhares de pessoas deste país que moram sozinhas. Literalmente sozinhas.
Deve sempre haver um vazio.
O rádio jamais deve ficar desligado. A TV então, nem se fala.
Vozes tem que completar uma casa em que o silêncio é o macho alfa.
Textos tornam-se conversas que poderiam acontecer entre pessoas. Às vezes nem isso há.
Para a minha felicidade, eu tenho minhas flores.
A mais calada de todas chama-se Filó. Essa só gosta de pegar um bronze no sol (quando as outras habitantes da casa lembram de deixa-la lá).
A mais menininha de todas chama-se Cazuza.. opa! Karol. Ela gosta de salsichas e de deitar na minha cama para ver a Maya. Are baba!
A mais revolucionária chama-se Marina. Ou Isabela? Ela faz Direito? Não, não! Ela me disse que faz Zootecnia. Sério? Nem, primeira regra: não acredite nela. Ponto.
Imagine a vida sem este jardim!
Decoração verde ao lado do fogão com o grave risco de pegar fogo, não haveria.
Alguém para falar: "Bibi, me ensina forró?" Ou então: "Bibi, come só uma garfada do macarrão." Não haveria.
Em suma, sem vocês eu nada seria... Minhas heroínas.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Aciluc?

"Minha terra tem palmeiras, onde canta o pica-pau.
Não permita Deus que eu morra sem que eu volte pra Rural"

paraíso.

Carece não nêga!

- Convite marfim com alguns riscadinhos chegou lá em casa nêga!
- Óxenti! Chegou na minha também.
- Será que é o tal do forró arretado que rola lá pelas bandas de Seu Marco?
- Espero que não seja lá, visse!
- Ora, por que não?
- AAARA! Tem aquele tal de Luís, que é um brocoió e vive me aperreando.
- Claro! Não é por mal! Você adora colar no cangote dele!
- Ah... só um chameguinho de leve!
- Mas você não tem jeito mesmo! Merece uma chulipa!
- ENFIM, ele é um frechado, folote e tudo de ruim!
- Cospe no prato que você lambeu!
- Cuspo mesmo. Vou pro xote amanhã e não arredarei o pé sem dar um cheiro no Eleonésio. Eita hômi gostoso!

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Fim

Como pensamentos e vontades mudam rápido. Como!
Domingo nublado e triste. Segunda ensolarada e contente.
Haveria explicação para este reviravolta no tempo?
Sim. Mudança de ambiente.

Antes era a certeza de sair de um lugar, voltar para o antigo e encontrar.
Marcar de sair, kaiak.
Hoje resta apenas o orgulho. A angústia por não ter solução, o rancor.
Sentimento ruim de se carregar, mas impossível de não aparecer.
O agora se resume em uma incógnita: ?
Nada de depoimentos, nada de perfumes, nada de pulsos.
Apenas o silêncio que predominará.
O silêncio e conchas do mar.

Stop crying your heart out

Entre Trabécula septo-marginal,
suturas e papéis que não foram lidos, está a raiva.
Entre a indignação, a culpa e as letras apagadas, está o momento esquecido.
Não há palavra que explica esse sentimento.
Só quero seguir a vida,
sabendo sulcos paraconais ou não,
esquecendo usted e correndo atrás das borboletas.

sábado, 2 de maio de 2009

Gengiva, afta, siso e garganta

Sabrina abriu os olhos com muito esforço. Que claridade era aquela?
Uma voz conhecida soou pelo quarto. Sabrina? Sabrina! - ela dizia.
Sabrina só sabia sorrir. Olhava para Marina e sorria. Esta, não entendendo o que estava acontecendo, insistia em perguntar se as "coisas" já estavam arrumadas.
A outra ia aos poucos despertando e chegando a conclusão de que nada dormira.
Café da manhã, não tomou. De afta na lingua, reclamou. Sem ninguém para agradar às oito da manhã, se arrumou.
A contadora de casos e a mineradora saíram juntas e foram à rua da (linda) cidade da baixada.
Salão era de graça... Mas, cadê a beleza deste lugar?
Duas horas se passaram. Duas horas! Até que bochechas rosadas e meias a la Barra Mansa surgiram e acalmaram as pobres (cansadas) e novas habitantes da peculiar cidade.
Ele passa já já! - dizia o vovô fofo.
Esperar. Ninguém queria mais.
Um ódio predominava as veias e os pensamentos da ecologia e da vegetariana.
Eis que surge. O maldito.
Marcelo tocando, vozes anunciando o retrato pra Iaiá.
Volta ao local de origem.
Sabrina com suas urucubacas e Marina com um novo amor.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Um bom lugar pra ler um livro

Alguns minutos e cá estamos.
Uma represa no meio do nada.
Bambus, grama, flores e (muitos) girinos.
Cheiros fortes vêm, respingos d'água vão.
Verdes, colorido, preto.
O contato com a natureza limpa a alma.
E eu, com a preocupação com os Anopheles que me consomem.
Apenas uma frase soa na minha cabeça:
- Ih garota, abstrai!

terça-feira, 21 de abril de 2009

A santinha e o filho do Demo

O casal o aguarda.
Papo vai, papo vem.
Beijos vêm, beijos vão.
Apenas dois segundos passados e lá está ele. O invencível!
Justo agora - pensa a menina - Agora que estamos bem... Agora que a saudade já fora matada e estava começando a surgir novamente?
Justo agora - pensa o menino - Agora que resolvi assumir os meus sentimentos? Agora que nada mais me dói no peito, pois posso olhar para esta criatura a centímetros de distância de meus lábios e falar: é minha. Justo agora?
Um abraço de um instante torna-se uma eternidade em que os enamorados não querem se soltar.
Um vazio toma conta de ambos. E ele tem nome: insegurança.
Como será daqui pra frente?

Pois bem, o ônibus só passa quando eu não preciso!

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Vermelho e preto

Ansiedade. - Não chega 16 horas!
Expectativa. - Será que vamos de novo?
Tensão. - Mãe, tô tensa!
Xingamentos. - Claro que não foi isso cac#&%!
Pessimismo. - Nossa, vão me zuar muito se perdermos.
Esperança. - VAI, VAI! Olha ele lá do outro lado... sozinho! Bora!

Alívio. - OOOOE, contra!
Modéstia. - Vice de novo!
Comentários (a parte). - Bruno, esse Everton hein... gosto muito.
Comentários (a parte 2). - Ai, pego o Cuca hein!

Fim do jogo. Campeões.

Realm
ente, é muito bom ser Flamenguista.

domingo, 19 de abril de 2009

Fugere urbem

A menina chegou revoltadíssima no aniversário. Voltar para casa a irritava, às vezes. Cumprimentou todos, principalmente ele. É... Ele. O famoso Romeu.
O ambiente estava es
tranho. Por qual motivo? Nem ela mesma sabia. Tentou dançar, não deu. Tentou beber, não desceu. Tentou sorrir, desistiu. Quero ir pra casa, ela disse. Foi, com o coração doendo. Pra que esse sofrimento agora? Depois de tanto tempo... É, às vezes era isso.
Tanto tempo passou, nada fora resolvido. Destinos totalmente opostos.
Tudo o que ela pedia a Deus estava lá, no corpo e nas atitudes de Romeu. Entretanto ele estava bem, feliz com Rosalina.
Julieta não sabia o que fazer.
Fugir para uma cidade estranha e feia seria a solução, mas não a resolução de um caso (momentaneamente) perdido.
Então ela resolveu sorrir, beber, dançar. Porque quando ela sai pra dançar funk com a Macabéa e a Cazuza, não há problema que a impeça de ser feliz.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Cadinelli

Somos irmãs. De sangue ainda.
Bem... não tão de sangue assim, já que viemos de universos diferentes.
Creio que nossas almas se dão muito bem. Isso, achei o significado pra tamanho carinho!
Mas será que não de sangue mesmo? Vai saber né... aquelas épocas do Aero. Não, não... seria bom demais pra ser verdade.
Utopia, tudo utopia!
Mas será que... ou então... caso se?
Prefiro não pensar assim. Para mim, de coração: ainda que de sangue, irmãs somos.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Entre pedras, ésses e cordas vocais

Lá em casa... Bem, lá "em casa" não, que mamãe briga!
Lá na humilde residência provisória (melhor!) todas somos diferentes. Cada qual com sua personalidade e (de fato) seus defeitos.
Uma é como o Cazuza (sem as drogas e o gosto alternativo). Fala aSSim. Um charme! Pena não poder demonstrar este impacto sonoro na internet. Taí, finalmente um problema que descubro da internet e que ainda não foi solucionado (para o momento)... Enfim, ela é como o Cazuza.
A outra deveria trabalhar em uma mineiradora. Sério, ela possui muitas pedras! Para mim, todas são preciosas, tirando o fato que causam certa dor, mas... Quem mandou não comer carne?
E eu? Mc Rouquinha?
É... acho que vou investir neste meu talento.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Pregando

"O pior é que era coxa. Uns olhos tão lúcidos, uma boca tão fresca, uma compostura tão senhoril; e coxa! Esse contraste faria suspeitar que a natureza é às vezes um imenso escárnio. Por que bonita, se coxa? Por que coxa, se bonita?"

sábias palavras, Machado.

Drummondeando


No meio do caminho tinha um prego
tinha um prego no meio do caminho

tinha um prego

no meio do caminho tinha um prego.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha um prego
tinha um prego no meio do caminho
no meio do caminho tinha um prego.

e foi assim que fiz meu segundo teste do pezinho aos 18 anos!

sábado, 28 de março de 2009

Quando descobri o coração

De repente, a hora sagrada do dia tornou-se a melhor situação a ser vivida.
Expectativas, suor frio, olhares. Entre alface e cenourinhas, sorrisinho de lado, sem mostrar os dentes. Vontade escondida. aaah, o suspiro!
A menina busca uma maior aproximação. O menino mostra-se simpático. Apenas amizade? Não, a menina não deseja isso! Ela quer mais.
Quer poder usufruir do lindo jardim com flores ao lado do seu (amado? não) affair.
Sentar na mesa, ver a Figueira com outros olhos. Ter as mãos dadas e os corações amarrados.
Dois corações e uma história. Queria eu que fosse assim o meu caso.
Um só coração e várias histórias. ê vida bandida meu Deus!

sábado, 21 de março de 2009

Magia

Enfim, chegada a hora.
Malas que outrora não conseguiam se arrumar, estão feitas.
Ansiedade em deixar um lar, ir a busca de outro.
Partir.
Novo ambiente, amizade reforçada. Pacto.
Pessoas estranhas, tintas.
Osmar, bandejão, casa do reitor. Tudo muito engraçado.
Perdições... sim, muitas. Cabeça feita, este é o segredo.
Entretenimento de toda semana, costume.
Figueira que derrama seus encantos sobre os bixos. É, com xis.

Utopia, impossível existir tal paraíso!
Vida que se segue, e se repete, se repete, se repete...
Quatro anos novos, dezoito deixados por um tempo de lado.
Curiosidade, aprendizagem, futuro.
Bem-vindos Bixos Biologia.

Espaço

O relógio do bar marcava exatamente sete horas da noite quando um homem, muito bem vestido, sentou em uma mesa próxima à minha e pediu a bebida mais forte. Logo quando foi atendido, não pude deixar de perceber seu desespero ao falar com o garçom:
- Isso, isso! A bebida mais forte! Preciso esquecer meus problemas! Não agüento mais cuidar de meus filhos. Minha mulher só quer saber de trabalhar. Onde já se viu tamanho absurdo? A mulher começar a sustentar a casa e não cuidar do trabalho doméstico!
O garçom, coitado, trazia-lhe cada vez mais doses de whisky para tentar acalmar aquela "pobre alma". Foi lá pela décima vez de leva-e-traz do garçom que o barraco armou de vez: a mulher do homem, que já estava bêbado, chegou aos berros, falando para quem quisesse (ou não) ouvir que seu marido era um machista e não entendia nada do que ela chamou de evolução das mulheres no mercado de trabalho.
Foi a partir desta cena que comecei a pensar se era um marido certo e companheiro. Liguei para minha mulher para saber como estava lá em casa:
- Oi Júlio. Aqui tá tudo bem. O João tá dormindo, o Lucas tá no computador e acabei de dar mamadeira para a Sarah. Antes que me esqueça! Estava pensando em fazer um curso de web designer, mas já desisti. Não tenho tempo, porque cuido das crianças e também... Quem vai querer contratar um recém chegada no ramo e, principalmente, uma mulher? Deixa isso pra lá. Um beijo.
Nesta hora me toquei das palavras da esposa do homem do bar. O ingresso das mulheres no mercado de trabalho está aumentando cada vez mais e minha esposa não acompanhava isto por quê? Por puro machismo da sociedade?
Levantei, paguei a conta do bar, comprei uma rosa e saí de lá decidido a convencê-la a buscar o espaço dela, afinal, ela é mulher acima de tudo e possui os mesmos direitos que eu, principalmente o de se sentir realizada e amada.

Romeu

Vá embora sem dia para retornar.
Não desejo-lhe mal. Ao contrário do que podes pensar, tua alegria é a minha. Se estais bem com teu novo amor, parabéns. Tu descobriste algo que antes achava inadimissível: um sentimento completo, recém chegado e pleno.
Nada sinto ao saber que estais com alguém que te faz mais feliz do que eu, a menina moleque que ama as marés. Apenas acho que nossas almas nos une de uma forma única. Essa junção vulgarmente chamada de amor nos torna dependentes um do outro e faz com que as primaveras e os invernos passem desapercebidos.
Espero que tu, Romeu, sejas beijado e assumido diante toda a sociedade que julga demais, fala demais e pouco vive. Sejas feliz e retornar para dia sem embora vá.

domingo, 15 de março de 2009

Euforia passageira

É... Carnaval.
Alegria surgiu como um vento inesperado numa tarde ociosa. Vento que veio e foi embora contentar novos horizontes.
O que ficou? A lembrança. Sim, essa memória que nada esquece ou receia. Que nutre a saudade e atiça os instintos.
E dentre este turbilhão de pensamentos, eis que surge você... Aquele que jamais fora esquecido e estivera sempre por perto. Certamente, novos pássaros vieram, conquistaram seus espaços. Uns ficaram por alguns dias, outros por menos de um minuto, porém tu, filho do amor e do drama, do ilícito eterno... Tu nunca serás substituído.

O pequenino mundo uterino

Acordo assustado com o agito que está em minha casa. Tudo está balançando, mexendo demais. Tento pedir ajuda à mamãe, chutando.
- Carlos! Tá na hora!
- Sério? Vamos pro hospital agora!
Ei, esta voz é do papai! Por que eles estão gritando?
Chuto novamente e mamãe berra de dor. Será que a estou machucando? Sinto algo sacudir de novo e, de repente, meu conchegante lar fica seco.
- Carlos, vai mais rápido! A bolsa estourou!
- Calma amor, tô fazendo o máximo que posso! Tô correndo!
Agora sim entendi o que está acontecendo. Chegou a hora que mamãe tanto falava para mim... A hora em que iríamos nos conhecer. Porém, não quero sair daqui. Tudo é tão quentinho.
- Ontem, dia 11 de setembro de 2001, o mundo parou com o...
Oba! As notícias da semana! Adoro ouví-las. Mamãe sempre me fazia escutar o que ela chama de rádio.
- Carlos, desligue esse rádio e me ajuda a descer do carro! Cadê o Dr. Robson? Não vou aguentar!
- Meu docinho, ele já vem! Respira fundo... Um, dois. Um, dois!
Poxa, queria continuar ouvindo, mas tem algo me puxando demais! Será que é agora? Já começo a me despedir do meu canto.
- Faz mais força... Já tô vendo a cabeça. Isso! É um lindo menino!
Que sensação estranha. Nasci, porém não consigo abrir os olhos. Percebi que já estava no que papai chamou de quarto e a televisão estava ligada.
- Mais de 150 mortes já são confirmadas neste atentado no World Trade Center...
Mortes? Atentados? Nasci para presenciar tudo isso? Se for assim, sinceramente, quero voltar para o confortável abraço do amiguinho úter
o.