A menina encantada imagina como será a vida sem ela.
Não sem totalmente, pensa, mas sem no dia-a-dia.
Estranha.
Chega do local onde, supostamente aprende novas e se diverte, sobe correndo as colinas universitárias, cumprimenta a rainha Filó, joga os trapos no banco da sala-quarto real, caminha em direção ao minúsculo cômodo e... Cadê?
Acorda na manhã seguinte. Não tem nada o que comer (da sua parte). Olha o armazém vegetariano e não vê os demasiados pedaços da torta preferida de ratos.
Pensa.
Decide jantar. Soja seria uma boa opção, mas... Cadê a distribuidora e seu infinito estoque que inundava a pacata geladeira?
Quer revisar o conteúdo. Quer ensinar sobre rins de equinos.
Pronuncia: "Você sabia que um rim do cavalo..." Não termina a frase.
Acha diferente, pois agora há apenas uma flor a ouvindo.
Cadê aquela que bate o pézinho, a mão e aponta o dedo, balançando, com o corpo inclinado para a frente, quando está nervosa?
Cadê aquela que me acorda apresentando a preciosa, Frida?
Onde encontra-se aquela que me chama pelo apelido favorito e incentiva na escrita? Aquela que quando está cansada pede aperto? Aquela que dança? Aquela que escreve contos? Aquela que dá bolsa quente?
Vazio.
Quem mandou ser tão inteligente, Marina?
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