sexta-feira, 31 de julho de 2009

Descobri que gosto de soja

A menina encantada imagina como será a vida sem ela.
Não sem totalmente, pensa, mas sem no dia-a-dia.
Estranha.

Chega do local onde, supostamente aprende novas e se diverte, sobe correndo as colinas universitárias, cumprimenta a rainha Filó, joga os trapos no banco da sala-quarto real, caminha em direção ao minúsculo cômodo e... Cadê?
Acorda na manhã seguinte. Não tem nada o que comer (da sua parte). Olha o armazém vegetariano e não vê os demasiados pedaços da torta preferida de ratos.
Pensa.
Decide jantar. Soja seria uma boa opção, mas... Cadê a distribuidora e seu infinito estoque que inundava a pacata geladeira?
Quer revisar o conteúdo. Quer ensinar sobre rins de equinos.
Pronuncia: "Você sabia que um rim do cavalo..." Não termina a frase.
Acha diferente, pois agora há apenas uma flor a ouvindo.
Cadê aquela que bate o pézinho, a mão e aponta o dedo, balançando, com o corpo inclinado para a frente, quando está nervosa?
Cadê aquela que me acorda apresentando a preciosa, Frida?
Onde encontra-se aquela que me chama pelo apelido favorito e incentiva na escrita? Aquela que quando está cansada pede aperto? Aquela que dança? Aquela que escreve contos? Aquela que dá bolsa quente?

Vazio.
Quem mandou ser tão inteligente, Marina?


terça-feira, 28 de julho de 2009

Ócio

Sem idéias a menina corre. Busca o encontro.
Marca o dia, a hora e lá está.
Abraços, beijos e saudade. Passa.
Sem idéias a menina sente. O cheiro do corpo, o cheiro da blusa.
Acaricia, se enrola no peito e dorme.
Não quer ir embora.
Sem idéias a menina sai. Caminha por locais (des)conhecidos e inova.
Curte o momento ao seu lado.
Tenta agradar.
Sem idéias a menina deita. Cobertores material e humano a aquecem.
Que aroma! Que sensação.
Nunca sentira-se assim.
Sem idéias a menina agrada. Sem idéias a menina briga para ficar. Sem idéias a menina aproveita o último minuto.
E sem idéias a menina escreve aqui.


terça-feira, 14 de julho de 2009

19 prima(veras)

O dia em que um choro de criança apareceu pelo hospital está chegando.
Também o dia em que esta criança ficou em uma sala só com meninos.
Será que era pra ter nascido um?
Voz rouca já tem, jeito estranho já tem... Isso não importa.
Menina. Sim. Adora verde!
Pergunto-me, solitária: Por que primaveras se nasceu no inverno?
Friaca que corta... Nada de primavera, só primaluiza, que é do outono.

Nesta estação nascem muitas flores, como dizia a tia do colégio.
Então será que cada parte do corpo da menina é uma flor? Cabeça, apêndices torácicos, apêndices pélvicos, tronco, cílios?
Não, pois ela nasceu no inverno!
Ah... Então não são 19 primaveras... e sim 19 invernos!
Será que ela se constitui em neve?
Creio que não. Se fosse assim, como existiria algo no peito dela quente, que bate acelerado e saudoso?

Sim... Nada de primaveras. 19 seriam muitas.
Dependendo da personalidade, acho que não aguentaria nenhuma!
Sou muito seletiva.

Não entenda

FRIO.
Cobertor. Meias. Calça de moletom. Chocolate quente. Abraço apertado.
Cadê?
CALOR.
Shorts. Blusa de alça. Cabelo preso. Picolé. Represa.
Cadê?



sábado, 11 de julho de 2009

Retep

Um brilhante mente está em curto circuito.
- Será que roubaram meus poderes memorísticos? Foram os bixos... É, bixos muito artistas.
E bixos com xis.
Acende o cigarro, mexe nos cachos, colocando-os para trás.
Vou fazer um filme! - diz.
Vários relatos, sem início nem fim. Vou fazer um filme... Ia fazer um filme. Cadê a primeira parte?
Adoro contos, recomendei alguns pra ela. Leia também. É uma doidera.
A história é assim: ... Ah! Não lembro.
Que momento.
Vou lá pegar a discografia inteira. Entra. Janela.
- O que vim fazer aqui mesmo?
Que turbulência.
Te dou uma tarefa: escrever sobre os encantos de uma cidade cujo rio quase realiza uma órbita completa.
Tarefa aceita. Vou falar sobre uma secretária e seu modo de vida diante este incrível cidade.
Dois minutos.
- O que estava falando mesmo?

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Dúvida

Que vontade de quebrar.
Triturar todos esses infortúnios de uma vida qualquer.

Do nada surgem, do nada irritam, do nada desesperam.
Tudo tão bem... Fica tudo tão escuro que a lua iluminada, na noite (pouco) estrelada, já não faz tanta diferença.
Quero girar formando uma órbita perfeita, riscando o chão com giz branco.
Sapatear, fazendo o máximo de barulho para aparecer.
Andar em um fio minúsculo cujas dimensões são exatamente os meus pés.
Esquecer tudo que fica fixo na cabeça apenas me jogando em um rio.
Gritar (fora do travesseiro) para poder extravasar este sentimento de... Que vontade de quebrar.
Soltar tudo levemente como vários balões unidos em apenas um nó.
Ter a liberdade de velhos costumes e alegria de novos.
Morder tudo o que convém e o que instiga.
Dormir, sonhar e acreditar.
Pular do mais alto penhasco e berrar com todas as forças de minhas pobres cordas vocais para tirar o... O... Que vontade de quebrar!

sábado, 4 de julho de 2009

Ataque de ruminamismo

Piano e bigorna.
Malas cheias e âncora.
Elefante e baleia.
Madeira e uma pilha de livros.
Pressão é eliminada.
Comer muito de olho grande gera isso.
Nem são mais borboletas do estômago. São alfinetadas que puxam para baixo, baixo...

Queria eu poder comer toda hora, conter quatro compartimentos (yeah!). Maceração, maceração, maceração.