sábado, 28 de março de 2009

Quando descobri o coração

De repente, a hora sagrada do dia tornou-se a melhor situação a ser vivida.
Expectativas, suor frio, olhares. Entre alface e cenourinhas, sorrisinho de lado, sem mostrar os dentes. Vontade escondida. aaah, o suspiro!
A menina busca uma maior aproximação. O menino mostra-se simpático. Apenas amizade? Não, a menina não deseja isso! Ela quer mais.
Quer poder usufruir do lindo jardim com flores ao lado do seu (amado? não) affair.
Sentar na mesa, ver a Figueira com outros olhos. Ter as mãos dadas e os corações amarrados.
Dois corações e uma história. Queria eu que fosse assim o meu caso.
Um só coração e várias histórias. ê vida bandida meu Deus!

sábado, 21 de março de 2009

Magia

Enfim, chegada a hora.
Malas que outrora não conseguiam se arrumar, estão feitas.
Ansiedade em deixar um lar, ir a busca de outro.
Partir.
Novo ambiente, amizade reforçada. Pacto.
Pessoas estranhas, tintas.
Osmar, bandejão, casa do reitor. Tudo muito engraçado.
Perdições... sim, muitas. Cabeça feita, este é o segredo.
Entretenimento de toda semana, costume.
Figueira que derrama seus encantos sobre os bixos. É, com xis.

Utopia, impossível existir tal paraíso!
Vida que se segue, e se repete, se repete, se repete...
Quatro anos novos, dezoito deixados por um tempo de lado.
Curiosidade, aprendizagem, futuro.
Bem-vindos Bixos Biologia.

Espaço

O relógio do bar marcava exatamente sete horas da noite quando um homem, muito bem vestido, sentou em uma mesa próxima à minha e pediu a bebida mais forte. Logo quando foi atendido, não pude deixar de perceber seu desespero ao falar com o garçom:
- Isso, isso! A bebida mais forte! Preciso esquecer meus problemas! Não agüento mais cuidar de meus filhos. Minha mulher só quer saber de trabalhar. Onde já se viu tamanho absurdo? A mulher começar a sustentar a casa e não cuidar do trabalho doméstico!
O garçom, coitado, trazia-lhe cada vez mais doses de whisky para tentar acalmar aquela "pobre alma". Foi lá pela décima vez de leva-e-traz do garçom que o barraco armou de vez: a mulher do homem, que já estava bêbado, chegou aos berros, falando para quem quisesse (ou não) ouvir que seu marido era um machista e não entendia nada do que ela chamou de evolução das mulheres no mercado de trabalho.
Foi a partir desta cena que comecei a pensar se era um marido certo e companheiro. Liguei para minha mulher para saber como estava lá em casa:
- Oi Júlio. Aqui tá tudo bem. O João tá dormindo, o Lucas tá no computador e acabei de dar mamadeira para a Sarah. Antes que me esqueça! Estava pensando em fazer um curso de web designer, mas já desisti. Não tenho tempo, porque cuido das crianças e também... Quem vai querer contratar um recém chegada no ramo e, principalmente, uma mulher? Deixa isso pra lá. Um beijo.
Nesta hora me toquei das palavras da esposa do homem do bar. O ingresso das mulheres no mercado de trabalho está aumentando cada vez mais e minha esposa não acompanhava isto por quê? Por puro machismo da sociedade?
Levantei, paguei a conta do bar, comprei uma rosa e saí de lá decidido a convencê-la a buscar o espaço dela, afinal, ela é mulher acima de tudo e possui os mesmos direitos que eu, principalmente o de se sentir realizada e amada.

Romeu

Vá embora sem dia para retornar.
Não desejo-lhe mal. Ao contrário do que podes pensar, tua alegria é a minha. Se estais bem com teu novo amor, parabéns. Tu descobriste algo que antes achava inadimissível: um sentimento completo, recém chegado e pleno.
Nada sinto ao saber que estais com alguém que te faz mais feliz do que eu, a menina moleque que ama as marés. Apenas acho que nossas almas nos une de uma forma única. Essa junção vulgarmente chamada de amor nos torna dependentes um do outro e faz com que as primaveras e os invernos passem desapercebidos.
Espero que tu, Romeu, sejas beijado e assumido diante toda a sociedade que julga demais, fala demais e pouco vive. Sejas feliz e retornar para dia sem embora vá.

domingo, 15 de março de 2009

Euforia passageira

É... Carnaval.
Alegria surgiu como um vento inesperado numa tarde ociosa. Vento que veio e foi embora contentar novos horizontes.
O que ficou? A lembrança. Sim, essa memória que nada esquece ou receia. Que nutre a saudade e atiça os instintos.
E dentre este turbilhão de pensamentos, eis que surge você... Aquele que jamais fora esquecido e estivera sempre por perto. Certamente, novos pássaros vieram, conquistaram seus espaços. Uns ficaram por alguns dias, outros por menos de um minuto, porém tu, filho do amor e do drama, do ilícito eterno... Tu nunca serás substituído.

O pequenino mundo uterino

Acordo assustado com o agito que está em minha casa. Tudo está balançando, mexendo demais. Tento pedir ajuda à mamãe, chutando.
- Carlos! Tá na hora!
- Sério? Vamos pro hospital agora!
Ei, esta voz é do papai! Por que eles estão gritando?
Chuto novamente e mamãe berra de dor. Será que a estou machucando? Sinto algo sacudir de novo e, de repente, meu conchegante lar fica seco.
- Carlos, vai mais rápido! A bolsa estourou!
- Calma amor, tô fazendo o máximo que posso! Tô correndo!
Agora sim entendi o que está acontecendo. Chegou a hora que mamãe tanto falava para mim... A hora em que iríamos nos conhecer. Porém, não quero sair daqui. Tudo é tão quentinho.
- Ontem, dia 11 de setembro de 2001, o mundo parou com o...
Oba! As notícias da semana! Adoro ouví-las. Mamãe sempre me fazia escutar o que ela chama de rádio.
- Carlos, desligue esse rádio e me ajuda a descer do carro! Cadê o Dr. Robson? Não vou aguentar!
- Meu docinho, ele já vem! Respira fundo... Um, dois. Um, dois!
Poxa, queria continuar ouvindo, mas tem algo me puxando demais! Será que é agora? Já começo a me despedir do meu canto.
- Faz mais força... Já tô vendo a cabeça. Isso! É um lindo menino!
Que sensação estranha. Nasci, porém não consigo abrir os olhos. Percebi que já estava no que papai chamou de quarto e a televisão estava ligada.
- Mais de 150 mortes já são confirmadas neste atentado no World Trade Center...
Mortes? Atentados? Nasci para presenciar tudo isso? Se for assim, sinceramente, quero voltar para o confortável abraço do amiguinho úter
o.