sábado, 10 de novembro de 2012

Poesia

A menina das marés resolve descansar.
Afogar todas as preocupações e os medos. Ela não aguenta mais.
Precisa recorrer às letras, às palavras para não enlouquecer. Fazia de cada verbo um refúgio. 
Quer voltar no tempo, nas épocas de cheiros e chamegos. 
Ela precisa tanto, mas tanto de um afago nos cachos.
De um cheiro no canto da boca.
De um olhar que transmite calma e confiança.
Entretanto ela não pode. Não pode.
Mas ela deseja tanto...
E se? E se?
"O que for pra ser, será"

sábado, 19 de maio de 2012

Teia

Entre Plasmodium e anotações, a aflição!
Não conseguia se concentrar. 
Como poderia?
Via aquilo subindo discretamente, entre os fios cada vez mais próxima do auge.
Vagarosamente ela ia tecendo seus caminhos ao redor daquele novo universo.
Esticava-os na mais completa solidão, visando o topo.
Um som ao fundo e ela lá. Descobrindo seu mundinho e afligindo a coleguinha atrás, a qual se coçava, pulava, fazia de tudo, menos ouvir.
Eis o momento. Olhares se cruzam. Pensamentos talvez. Ela a reconhece.
O novo mundo então não se aguenta e mexe em suas madeixas. 
Sumiste.
Para onde fostes?
A menina procura, contudo logo desiste. 
Acima de tudo, pensa.
O pequeno ser se aconchegou ao longos dos lisos fios de cabelo, fazendo de lá seu novo lar." 
O qual a menina nem sabe o que é.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Novo

Sinto-me tão mais leve. Tão mais viva.
Não que não me sentisse assim antes, mas agora realmente posso ser eu mesma.
Tentei de tudo e mais um pouco.
Posso respirar aliviada pois não haverá remorsos.
Nem mágoas, nem arrependimento. Só carinho, afeição e saudade.
Sim, muita saudade.
Saudade de momentos vividos, de sorrisos e cheiros.
Mudei muito, assumo, porém jamais esquecerei.
Apenas amadureci.

Como disse uma vez Cazuza:
"... mas ainda tenho muitos medos
medo de voar, de amar
medo de morrer, de ser feliz
medo de fazer análise e perder inspiração.
Ganho dinheiro cantando minhas desgraças.
Comprar uma fazenda e fazer filhos
talvez seja uma maneira de ficar pra sempre na terra
porque discos arranham e quebram.
Amor, Cazuza"

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Aos olhos de Monet




Como os dias são mágicos. Não sei se você já chegou a este mesmo pensamento que eu, mas podemos passar por experiências boas e ruins ao longo do dia e simplesmente deitar numa cama a noite e esquecer de tudo e todos por algumas horas e ainda poder acordar no dia seguinte mil vezes melhor.

Sei que há uma pesquisa que diz que ao longo da vida as pessoas lembram de apenas 1/5 de seus dias (algo em torno disso), pois simplesmente nada demais aconteceu nos 4/5 dias. Creio que sou uma exceção pois, como dizem, tenho uma memória muito boa.

Lembro-me dos aniversários dos coleguinhas no colégio Turma da Mônica, no meu maternal.

Lembro-me de brincar de ginástica na garagem da casa de minhas primas, tendo apenas 4 ou 5 anos.

Não esqueço jamais de quando descobri o amor simples e sincero nos olhos de quem eu tanto convivia, lá pelos meus 8 anos. Nem de quando dancei músicas do Skank nas ruas do bairro e dos rituais loucos que criei com amigas.

Creio que para sempre levarei na memória a história da menina que roubava aparelho móvel no colégio. E também das minhas viagens com amigos para Orlando, Porto Seguro e Angra dos Reis.

ô Porto Seguro com suas boates e paisagens... ô Angra dos Reis com seu pôr-do-sol radiante e memorável no Condomínio Porto Marina Bracuhy.

Levarei estes e MUITOS MAIS momentos comigo para o resto da vida.

Peço com todas as minhas forças para não esquecer de cada detalhe e de cada pessoa que apareceu na minha vida e que ou foram embora, ou ainda virão.

Logo me deitarei agora para ter sonhos coloridos e saborosos, enquanto espero o dia seguinte chegar e minhas decisões tomar (ih, rimou!)

sexta-feira, 11 de março de 2011

Hole


Não amava ninguém. Acho que este poderia ser o slogan para ela.
Sentia-se meio Summer, sabe?
Mas nada podia fazer em relação à isso. Simplesmente não acontecia, como o sol que desaparecera no carnaval, como o vento que nunca batia no rosto numa cidade como Miami.
Ela era vazia e ao mesmo tempo feliz e completa. Fazia o que dava na telha e, certamente, dilacerava corações. Ficava meio atordoada com isso, mas o que poderia ser feito?
Achava que ficaria sozinha por um bom tempo, já que experiências passadas as impediam de retirar este muro do relacionamento de sua frente.
Ah, e esse muro. Ás vezes ele existia apenas pelo medo de se envolver. Preferia assim, sem amar ninguém, só a si mesma.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

1-2-3 e... lá vou eu!

Andava suada, fresquinha de academia e do aero jump. Carregava uma bicicleta sem muita força e um saco de blusas com certo esforço.
Passando pela rua do cachorro irritante (que só latia a noite para todos que ultrapassavam o perímetro de sua residência),de dedos cruzados para não ser atacada de surpresa, percebi que havia um clima de excitação no ar. Eram crianças brincando de pique-esconde! Fiquei tão feliz de ver que, pelo menos nesta cidade esquecida pelos políticos e, de certa forma, por todos os brasileiros, há ainda o antigo jeito de brincar que mais adorava! 1-2-3 Bianca! Ninguém me pegava. Foi tão gostoso aqueles poucos segundos em que passei ao lado de um menino, baixinho, de aproximadamente uns 9 anos, negro e com bochechas gordas, contando: 1,2,3,4... lá vou eu! sendo que bem atrás dele tinham três almas puras e sapecas prontas para dar o bote assim que ele saísse. E não foi o que aconteceu? Mal tinha acabado de contar e as três mãozinhas já encontaram na parede, citando seus nomes. Coitado, nem deu tempo de sair para procurar. Crianças safadinhas.
Ah, que saudade do MEU tempo.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Cores do Vento


Lá já ia a menina para suas tarefas. Tão dedicada!

Todos os dias em que subia um pequeno elevado de solo para aquele Instituto, olhava para os pés, afinal o All Star sempre deveria estar muito branco. Foi então que o destino quis que ela olhasse para o lado. Uma brisa leve e suave batia e fazia com que a grama estimulasse a dança das folhas. Eram três, secas e amareladas. Mas dançavam tão belamente que a menina queria parar ali para admirá-las. O vento ajudava bastante, para o maior deslumbre dos cachos e do all star branco. Pareciam pequenos pássaros que brincavam uns com os outros. Queria ficar ali vendo toda essa simplicidade, sentar no verde e ficar observando o Lago Açu.

Mas era hora de trabalhar. Subiu na bicicleta e foi.