sábado, 27 de fevereiro de 2010

Pente que te penteia


Acordava as seis da manhã pela mãe e ia se arrumar.
Penteava o cabelo (que não gostava). Ele parecia uma vassoura.
Tinha vergonha.
Tomava café com bolachas. Era barrigudinha, de olhos castanho escuro.
E lá ia, com a fé e a coragem para mais um dia de aprendizado.
Conhecia muitas pessoas, afinal era bem simpática.
Amigas lindas, loiras com cabelos alisados. E o dela lá, vassourinha sem cachos (perdidos pela escovação).
Quando ele passava! aaah, inspiração!
Era só coleguinha, nunca olhara de outra forma para ela.
Sempre preferiam as de cabelo liso.

Ela cresceu e resolveu assumir seus cachos.
Passava creme para moldá-los e ficava esbelta. Era totalmente diferente do resto da população (formolizada) que frequentava o ambiente escolar. E sentia orgulho disso.
Saía com as amigas e, na maioria das vezes, perdia paqueras para elas.
Tudo por causa do cabelo, pensava.
Até que jogou tudo para o alto e se descobriu ainda mais bonita.
Era a única diferente das nove do grupo e por isso se destacava.

E não é que ela achou o amor?

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