terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Estrela menina



Marina sempre fora sonhadora.
Olhava as estrelas a noite e contava quantos segundos durava a sua inspiração por elas. Expirava e contava novamente. Comia pitangas analisando o céu. Todas as noites, com seus cabelos ruivos e um bico-de-papagaio na orelha. Era exuberante. Deitada na grama, lambia e lambia como se todas fossem um único picolé de amora. Que afeição! Que plenitude. Conversavam. Eram todas ouvidos. Sempre soube que eram as únicas que interpretavam tamanha admiração. Pensava em ser um balão bem grande para poder chegar até lá. Fechava os olhos e... eram apenas gotas de chocolate. Rolava de um lado a outro e subia na mais alta árvore para alcançá-las. Claro, com seus morangos. Ficava horas lá até ouvir uma voz maternal a chamar para comer... Acerolas. Pena que estão tão longe. Pena que não há mais jambos. Desce, vai para casa e se enrola num manto, sem tirar os olhos delas. Tão brilhantes, tão bonitas... tão chuva de prata! Que vontade de comer pitangas. Fecha os olhos... E dorme.

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